terça-feira, 20 de junho de 2017

Pesquisa - Jovem valoriza mais plano de carreira e tempo na empresa que seus pais

De acordo com pesquisa realizada pelo portal Vagas.com com jovens sobre primeiro emprego, 59% dos respondentes, quando perguntados sobre o seu desenvolvimento na carreira, imaginam-se daqui a cinco anos trabalhando em profissões tradicionais, como advogado, médico ou dentista; 29%, nas chamadas profissões do futuro, como desenvolvedor mobile ou brand digital, e ainda 12% não sabem ou apontam outros tipos de carreira, como militar e turismo.
- A crise e a falta de emprego estão impactando uma geração que não tinha lidado ainda com essas dificuldades. Essa geração que nasceu após 1980 passou por um período de grandes conquistas no mercado de trabalho aqui no Brasil, marcada especialmente por ampla oferta de Vagas e salários em alta. Com a chegada da recessão, esses jovens tiveram de lidar com algo novo e repensar alguns conceitos. Os resultados dessa pesquisa mostram pela primeira vez um millennial mais conservador e menos propenso a constantes mudanças - explica Rafael Urbano, coordenador da pesquisa na Vagas.com.
O estudo "Mercado de Trabalho - Primeiro Emprego" foi realizado de 3 a 10 de abril, por e-mail, para uma amostra da base de currículos cadastrados no portal, contemplando homens e mulheres, de 14 a 30 anos que nunca trabalharam e buscam oportunidades ou que estão em seu primeiro emprego. Os 682 respondentes são, em sua maioria, mulheres (64%), possuem idade média de 20 anos, solteiros (97%), cursam faculdade (52%) e moram com os pais/parentes (89%).
O levantamento identificou dos jovens o que eles e seus pais mais valorizam na carreira. A pesquisa mostra que os millennials dão mais valor que seus pais ao diálogo com todas as hierarquias da empresa (45% x 19%), plano de carreira (68% x 51%), valores da empresa (50% x 33%), promoção de cargos (45% x 29%), bônus (23% x 13%), benefícios (60% x 52%) e tempo de permanência na mesma empresa (45% x 39%). Houve "empate técnico" em outros assuntos, como estabilidade financeira (69%), salário (61% x 58%) e ambiente de trabalho tradicional (17% x 15%).
- Essa geração sempre foi marcada pelo baixo tempo de permanência em uma empresa e sem muita preocupação com a carreira. Esses dados apontam uma nova marca que até agora não havia sido revelada. Demostra que essa turma está preocupada com o desemprego e disposta a rever conceitos. Isso mostra que eles estão mais interessados em assuntos que tradicionalmente eram ligados aos pais, como plano de carreira e tempo na empresa. A crise está revelando novos valores dessa geração - analisa Rafael.
O estudo também quis saber quais são os setores e portes de empresa que mais atraem os jovens. De acordo com a pesquisa, os setores que mais os seduzem são bancos (54%), roupas, calçados e acessórios (32%), lazer e eventos (28%), telecomunicações (28%), TI (27%), saúde (25%), serviços financeiros (25%), entre outros.
Pelo porte da empresa, a atração foi destacada pelas multinacionais (75%), seguido por médias empresas (67%), pequenas empresas (41%), microempresas (23%) e startups e fintechs (15%).

Qualificação é o maior desafio - Conseguir a tão sonhada oportunidade no mercado de trabalho é o desejo de boa parte dos jovens. Só que para se tornar realidade, eles enfrentam algumas dificuldades. Quando questionados sobre os principais desafios na busca pelo primeiro emprego, 61% informaram que é ter a qualificação esperada pelas empresas. 45%, concorrer com outros candidatos mais qualificados. Em 40% das respostas, estar preparado para entrevistas é o principal desafio. O desafio de preparar o currículo foi apontado por 23%, seguido por ter clareza no que está buscando e fazer contato com profissionais para sondagens (19%). Estar animado, motivado e confiante representa 18% e outras menções, 2%.
- A qualificação não é um problema apenas dessa geração. Mas quando a pesquisa aponta esse fator como preponderante para ingresso no mercado, detectamos que há um sério problema na formação desses jovens e que pode frear o ingresso nas empresas. É bom que eles busquem cursos e outras formas de qualificação para não ficarem de fora do mercado - conta Rafael.
Esse problema estrutural de formação é apontado em outro dado do levantamento. Três em cada quatro jovens (76%) disseram que não receberam proposta de emprego nos últimos três meses.
Entre as dificuldades apontadas para conseguir um trabalho, 67% disseram que não possuem a experiência profissional exigida. Para 30%, a existência de muitos candidatos por vaga é uma grande dificuldade. Em 21% das situações, não há Vagas com o perfil solicitado. As empresas estão exigindo qualificações que eu não possuo foi mencionado por 18% dos respondentes. 4% não enfrentam dificuldades nesta busca. Outras menções somaram 3%.
Para aumentar as chances de colocação no mercado de trabalho, 88% dos respondentes disseram que estão fazendo algo. Desse total, 60% responderam que estão cadastrando currículos em sites de emprego, 51% fazendo matrícula ou estão matriculados em um curso, 36% estudando por conta própria, 8% networking e 1% fez outras menções (não sabem o que fazer ainda, estão pensativos, etc)
- É fato que os mais novos possuem pouca experiência até pela idade e tempo no mercado. Quando vemos que o maior entrave para o ingresso dos jovens é a experiência deles e de outros candidatos, temos um problema a ser enfrentado. As empresas precisam olhar para esse público de outra forma e levar em consideração que ele precisa ser acolhido e desenvolvido de acordo com seu estágio de carreira. Só assim conseguiremos diminuir esse déficit com os mais novos - diz.

Independência financeira é o principal objetivo - Quando o assunto é o motivo para procurar um trabalho, independência financeira aparece na liderança. O estudo mostra que 53% dos respondentes apontam que pretendem começar a se sustentar ao conseguir um emprego. Aprender e melhorar os conhecimentos foi apontado por 32%. Outros motivos, como pagar a faculdade e ajudar os pais, 6%. Em 4% das respostas, para se sentir útil. Meus pais/ responsáveis não me sustentam representa 2% das respostas e exigência da faculdade é o principal motivo para 2%, seguido de minha família faz pressão para procurar trabalho (1%).
Outro aspecto abordado no levantamento foi entender o que esse millennial busca no trabalho. Para 54% estão abertos a qualquer emprego. 38% querem trabalhar com algo que goste e 28% buscam atuar com algo específico.

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