Comportamento
População não confia em instituições
Em pesquisa realizada pelo Instituto Grupom em Goiânia, apenas o Corpo de Bombeiros foi considerado órgão confiável
Deire Assis 08 de janeiro de 2012 (domingo) - Jornal O Popular
A população de Goiânia desacredita nas instituições públicas e religiosas, demonstra pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Grupom na capital. Ao ouvir 570 pessoas de 158 bairros da cidade, apenas o Corpo de Bombeiros contou com a aprovação dos entrevistados: 72,4% da população confia nos bombeiros. As demais instituições citadas no levantamento, Correios, Igrejas Católica e Evangélica, Polícia Militar, agentes de trânsito, Justiça e Câmara de Vereadores de Goiânia carecem da confiança da imensa maioria.
Enquanto o Corpo de Bombeiros aparece como instituição mais confiável em Goiânia, a Câmara surge na lanterninha da pesquisa. Protagonista de recentes escândalos e trapalhadas, o órgão conta com quase nenhuma credibilidade junto à sociedade. Somente 2,8% dos entrevistados admitem confiar no Poder Legislativo Municipal. Embora as Igrejas Católica e Evangélica possuam porcentual de seguidores muito diferentes - 65%, em média, para a primeira e 18% para a segunda -, contam, ambas, com praticamente o mesmo grau de confiança: 27,0% e 24,0%, respectivamente.
"As igrejas se aproximam cada vez mais do jogo político. Apresentam candidatos e defendem representantes desses segmentos que, entretanto, não dão respostas condizentes, quando no poder, com os valores defendidos pelas próprias instituições. Isso tem lá seu efeito colateral e a igreja começa a perder credibilidade", analisa o professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dijaci David de Oliveira. "Goiás tem um alto índice de religiosidade, mas considero que a baixa confiabilidade nestas instituições tem relação, em parte, com a aproximação com os políticos, bastante desacreditados", acentua.
A pesquisa
O Instituto Grupom aplicou, primeiramente, questionários abertos à população. Aos entrevistados, pediu que dissessem em que instituições confiavam. Após algumas rodadas, uma nova pesquisa, dessa vez induzida, foi realizada, apresentando aos participantes os nomes das instituições mais citadas e pedindo que eles apontassem três em quem mais confiavam (veja quadro) . O levantamento faz recortes por sexo, idade e grau de instrução. No caso das igrejas, as evangélicas contam com menor confiança, por exemplo, dos que têm 3º grau e a credibilidade maior entre os mais jovens e as mulheres. Já a Igreja Católica perde terreno entre os mais jovens e apresenta grau de confiança semelhante por sexo e grau de instrução.
"Estamos na era do descrédito. Apenas o Corpo de Bombeiros conta efetivamente com a confiança da população. Estão sempre presentes, salvam vidas e não se costuma ver bombeiro envolvido em casos de corrupção", cita Mário Rodrigues Filho, do Instituto Grupom.
Para o sociólogo Dijaci David de Oliveira, o resultado da pesquisa é surpreendente pelo alto grau de descrédito das instituições citadas. "Mostra a fragilidade delas na capital." O professor da UFG alerta para o fato de que este tipo de cenário tem consequências muito ruins. "A desconfiança pode incentivar a prática do vou fazer com as próprias mãos'", exemplifica. "Se a polícia não é confiável, a tendência é que eu não denuncie mais", cita. Para Oliveira, há vários eventos em que a polícia aparece como agente da violência em Goiás, sobretudo em Goiânia, e isso, certamente, afeta a credibilidade da instituição.
A falta de confiança da população nas instituições do Judiciário e do Legislativo, segundo o cientista social, é extremamente negativo para a cidade. "Fragiliza ainda mais a sociedade, permitindo, sobretudo no Legislativo, que surjam cada vez mais aventureiros. O poder que deveria funcionar como os olhos da sociedade a fiscalizar os atos do Executivo, não conta com crédito da população."
Segundo Nildo Viana, também professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, a pesquisa mostra maior crédito entre as instituições que não têm relação poder e autoridade e que, por outro lado, desenvolvem atividades sociais relevantes.
Enquanto o Corpo de Bombeiros aparece como instituição mais confiável em Goiânia, a Câmara surge na lanterninha da pesquisa. Protagonista de recentes escândalos e trapalhadas, o órgão conta com quase nenhuma credibilidade junto à sociedade. Somente 2,8% dos entrevistados admitem confiar no Poder Legislativo Municipal. Embora as Igrejas Católica e Evangélica possuam porcentual de seguidores muito diferentes - 65%, em média, para a primeira e 18% para a segunda -, contam, ambas, com praticamente o mesmo grau de confiança: 27,0% e 24,0%, respectivamente.
"As igrejas se aproximam cada vez mais do jogo político. Apresentam candidatos e defendem representantes desses segmentos que, entretanto, não dão respostas condizentes, quando no poder, com os valores defendidos pelas próprias instituições. Isso tem lá seu efeito colateral e a igreja começa a perder credibilidade", analisa o professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dijaci David de Oliveira. "Goiás tem um alto índice de religiosidade, mas considero que a baixa confiabilidade nestas instituições tem relação, em parte, com a aproximação com os políticos, bastante desacreditados", acentua.
A pesquisa
O Instituto Grupom aplicou, primeiramente, questionários abertos à população. Aos entrevistados, pediu que dissessem em que instituições confiavam. Após algumas rodadas, uma nova pesquisa, dessa vez induzida, foi realizada, apresentando aos participantes os nomes das instituições mais citadas e pedindo que eles apontassem três em quem mais confiavam (veja quadro) . O levantamento faz recortes por sexo, idade e grau de instrução. No caso das igrejas, as evangélicas contam com menor confiança, por exemplo, dos que têm 3º grau e a credibilidade maior entre os mais jovens e as mulheres. Já a Igreja Católica perde terreno entre os mais jovens e apresenta grau de confiança semelhante por sexo e grau de instrução.
"Estamos na era do descrédito. Apenas o Corpo de Bombeiros conta efetivamente com a confiança da população. Estão sempre presentes, salvam vidas e não se costuma ver bombeiro envolvido em casos de corrupção", cita Mário Rodrigues Filho, do Instituto Grupom.
Para o sociólogo Dijaci David de Oliveira, o resultado da pesquisa é surpreendente pelo alto grau de descrédito das instituições citadas. "Mostra a fragilidade delas na capital." O professor da UFG alerta para o fato de que este tipo de cenário tem consequências muito ruins. "A desconfiança pode incentivar a prática do vou fazer com as próprias mãos'", exemplifica. "Se a polícia não é confiável, a tendência é que eu não denuncie mais", cita. Para Oliveira, há vários eventos em que a polícia aparece como agente da violência em Goiás, sobretudo em Goiânia, e isso, certamente, afeta a credibilidade da instituição.
A falta de confiança da população nas instituições do Judiciário e do Legislativo, segundo o cientista social, é extremamente negativo para a cidade. "Fragiliza ainda mais a sociedade, permitindo, sobretudo no Legislativo, que surjam cada vez mais aventureiros. O poder que deveria funcionar como os olhos da sociedade a fiscalizar os atos do Executivo, não conta com crédito da população."
Segundo Nildo Viana, também professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, a pesquisa mostra maior crédito entre as instituições que não têm relação poder e autoridade e que, por outro lado, desenvolvem atividades sociais relevantes.
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