Uma das palestrantes mais aguardadas do SXSW, a futurista Amy Webb apresentou inovações que impactarão todos os setores da economia, entre elas a automação doméstica e dados biométricos.
Um dos destaques do SXSW 2019, a futurista e pesquisadora Amy Webb, diretora do Instituto Future Today, da escola de negócios de New York University, lotou o maior auditório do Convention Center, em Austin, neste sábado, 9. Em sua palestra, ela apresentou a mais recente edição do relatório Tech Trends, report que busca fazer uma previsão do impacto de tecnologias emergentes sobre a sociedade, a curto e longo prazo. A 12º edição do estudo aponta mais de 300 tendências e 48 cenários possíveis para o futuro – sendo 17 destas perspectivas otimistas, 20 neutras e 11 catastróficos.
A futurista também lançou este mês o livro “Big Nine”, que analisa como os principais players globais de tecnologia – Google, IBM, Microsoft, Amazon, Facebook, Apple, Alibaba, Baidu e Tencent – dominarão diversos setores produtivos nos próximos 50 anos, uma vez que controlam os principais ativos de dados, pesquisa e computação do mundo. As previsões do Future Today levam em consideração não só a tecnologia per se, mas como elas se relacionam com cases de inovação recentes, tendências de comportamento, transformações climáticas e demográficas.
“Qualquer empresa ou pessoa que queira entender o futuro de sua área tem de estar muito atenta à tendências adjacentes. Não se trata de prever o futuro, mas de fazer conexões entre áreas que parecem não ter nada a ver”, disse Amy. Abaixo, você confere algumas das inovações apresentadas por Amy Webb no SXSW e que deverão impactar diversos setores da economia a longo prazo. O report com todos os grupos de tendências estão disponíveis gratuitamente no site do Future Today Institute.
Celulares e telas touch perdem força
Apontado no relatório de 2018, o enfraquecimento dos celulares como interfaces digitais permanece como uma tendência para os próximos anos. A taxa de crescimento na venda de aparelhos móveis vem caindo progressivamente, ao mesmo tempo em que novos devices embarcados com reconhecimento de voz e facial ganham maior capilaridade entre consumidores. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, pelo menos 8% dois consumidores compraram devices ativados por voz durante as festividades de final de ano, em 2018. “Até 2021, é estimado que metade das interações das pessoas com máquinas, em países desenvolvidos, será mediada por voz”, afirmou Amy Webb. Um exemplo de produto totalmente isento de botões e telas é o carro chinês Byton Car, com previsão de lançamento para este ano. O carro não tem chaves e botões e é configurado e operado apenas com reconhecimento facial, sensores e smart cameras.
Automação doméstica
O espalhamento de redes de conexão inteligente para os objetos mais triviais do dia a dia, capitaneado por grandes empresas de tecnologia, começa a ficar mais palatável a partir da próxima década. A Samsung, por exemplo, quer embarcar sua assistente pessoal Bixby em todos os seus produtos até 2020. Já a Amazon apresentou no início deste ano um microondas inteligente, e até fez uma parceria com a construtora americana Lenner para construir “Amazon Homes” equipadas com devices integrados. “Os devices domésticos serão responsáveis por rastrear dados de interação sobre sua família, responder a comandos e usar análises preditivas para otimizar a dinâmica da sua casa, desde o uso de energia e até monitoramento de consertos a serem feito”, diz Amy. Tais devices serão somados a sapatos, fones e outros wearables que detectam sinais vitais do usuário e os comparam com bases de dados gerais das empresas.
Manipulação e reconhecimento genético
A manipulação genética para o melhoramento de produtos naturais, da saúde de animais e até de humanos também é uma realidade emergente. Em novembro do ano passado, o cientista chinês He Jiankui revelou ter utilizado a técnica de manipulação genética Crispr para dar vida a dois bebês imunes ao vírus do HIV. Já a empresa americana Recombinectics, desenvolve técnicas de manipulação genética para dar vida a animais que suportam condições de temperatura extremas.
Scanner biométricos
Máquinas que “sentem” nosso estado de espírito e tentam responder a nossas emoções também já são realidade. A Kia e o MIT desenharam um modelo de carro com tecnologia de reconhecimento emocional, capaz de responder ao humor do usuário ao alterar esquemas de cores de painéis e sons. O modelo foi apresentado na CES 2018. A Amazon, por sua vez, está aprimorando a Alexa para que ela detecte estados emocionais pelo tom e cadência de voz de seus donos, além de mapear tosses e espirros para sugerir produtos. “Máquinas e empresas de tecnologia vão minerar nossos bio-dados e refiná-los para ensinar sistemas a nos categorizar. O desafio será regulamentar essa área e definir parâmetros de segurança e ética”, disse Amy.
Tecnologia verde
Amy argumentou que é muito provável que as mudanças climáticas das próximas três décadas dificultem a produção e entrega de alimentos para parte da população, pressionando o desenvolvimento de métodos de produção alternativos. “Na China e no Japão, algumas empresas já possuem fazendas subterrâneas que produzem vegetais em laboratório em maior volume, gastando 40% menos energia e até 99% menos água do que métodos convencionais”, disse.
Impressão 4D
A evolução da produção de materiais e produtos será a produção 4D. “Neste modelo, a impressão 3D é feita e então é adicionado mais algum elemento, como água, ar ou outro químico para que o objeto tome sua forma final”, explica Amy. Um dos cases de impressão 4D recentes é o projeto MIT Self Folding, do MIT, que desenvolveu estruturas impressas em 3D que se transformam depois de alguns estímulos.
Fonte: Meio & Mensagem
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