Idealizado há quatro anos pela ABA, como forma de fomentar o debate entre os anunciantes brasileiros interessados em INOVAR suas estratégias e táticas, o ABA SUMMIT firmou-se no calendário da entidade e tem conseguido cumprir seu objetivo ao privilegiar temas UP TO DATE em sua programação. O formato do evento foi mantido na edição de 2013, realizada em meados de outubro: foram organizados quatro painéis, sendo dois com palestrantes internacionais. E a plateia foi formada prioritariamente por executivos de anunciantes e profissionais que atuam nas empresas patrocinadoras do evento.
Por: Tânia Trajano
BIG DATA
Assunto que tem conquistado cada vez
mais relevância no dia a dia dos anunciantes, até como resultado da
revolução tecnológica, o Big Data foi o tema da primeira
apresentação, conduzida por Cezar Taurion, evangelista e gerente de
novas tecnologias da IBM Brasil.
O Especialista, formado em economia
e ciência da computação, conseguiu uma proeza: abordou o assunto
técnico e complexo de forma bem amigável, conseguindo mostrar sua
importância, sem focar os detalhes técnicos que existem por trás
desse conceito e prática.
Além de fazer um bom retrospecto
sobre as mudanças que têm ocorrido nessa área, Taurion sintetizou
dados importantes para quantificar o universo digital: temos hoje
mais de 3 bilhões de pessoas conectadas via web e o nível de
compartilhamento tem crescido de forma exponencial a cada dia.
Segundo Taurion, em apenas um minuto são 100 mil tweets, 700 mil
post compartilhados no Facebook e mais de 50 mil aplicativos baixados
na Apple Store, por exemplo.
Mais importante do que os números
atuais, que já podem estar defasados no momento de leitura desta
matéria, é refletir sobre o que nos espera. Estima-se que, até o
final desta década, seremos 5 bilhões de pessoas conectadas,
gerando, portanto, um volume estratosférico de informações. Com a
melhora nas redes de acesso, a tendência é que esse universo
torne-se ainda mais complexo, uma vez que hoje não surfamos mais
sozinhos. A palavra-chave é compartilhamento. Para as empresas, por
exemplo, isso significa que a comunicação da sua imagem esta na
rede, independente da sua vontade ou do controle. Não importa se a
empresa tem presença física nas mídias sociais ou realizações.
Por outro lado, e este é o ponto
que mais interessa para Taurion, toda essa movimentação significa
que as empresas podem acessar, de diferentes maneiras, um infindável
volume de informações sobre o comportamento de seus clientes,
prospects etc. E não se trata de algo que será determinante apenas
no futuro. Há muita coisa disponível hoje e já existem empresas
captando e agindo sobre esse arsenal de informações.
“Precisamos de estatísticos, profissionais de marketing e de tecnologia. Então o ideal é atuar com equipes multidisciplinares. Não precisamos de cientistas de dados, mas de profissionais capazes de compartilhar os conhecimentos específicos de sua atividade”.
Taurion citou o exemplo da Amazon,
que, com seu aplicativo de leitura, agora consegue acompanhar não
apenas o histórico de compra do cliente, mas também seus
comentários nas redes sociais e, a partir daí, pode fazer ofertas
digitais.
Como enfatizou o especialista, o que
temos visto ainda é muito incipiente, uma vez que as empresas estão
mais preocupadas em explorar a informação transacional, deixando de
lado tudo o que está fora desse universo, que é igualmente rico –
talvez até mais, por dizer muito sobre o comportamento do
consumidor. “Temos um tsunami que vai causar rupturas e mudanças
bastante significativas”, alertou.
Um aspecto importante que foi
enfatizado é a necessidade de correlações entre as diversas
disciplinas para que as iniciativas do gênero sejam bem-sucedidas.
“Precisamos de estatísticos, profissionais de marketing e de
tecnologia”, frisou, indicando que o ideal é atuar com equipes
multidisciplinares. “Não precisamos de cientistas de dados, mas
de profissionais capazes de compartilhar os conhecimentos específicos
de sua atividade”, enfatizou. Além disso, é importante ter em
mente que estamos nos referindo a um conceito que envolve tecnologia,
processos e pessoas e, nesse sentido, pode ser determinante para
mudar a forma como a decisão é tomada dentro das organizações. Os
estudos realizados pela IBM mostram que, da parte do consumidor, as
demandas hoje são claras no que diz respeito ao relacionamento
mantido no ambiente digital: querem que as empresas entendam suas
necessidades individuais e tenham mais agilidade no atendimento às
suas demandas.
“Hoje não trabalhamos mais em ambientes de escassez de dados, e sim de abundância. Não precisamos mais trabalhar em cima de amostragens”
Como exposto por Taurion, a
tecnologia hoje permite que as empresas tenham uma visão aprofundada
sobre o comportamento do consumidor, reunindo uma infinidade de
dados, porém o mais importante é a capacidade das organizações
para trabalhar com a informação de forma contextualizada. Para ele,
essa é a chave da era Big Data. É a partir desse entendimento que o
conceito vai impactar a vida das organizações e a atuação de cada
marca.
Porém não se pode esquecer que
numa sociedade que gera 25 quintilhões de bytes diariamente, sendo
muitas de interesse das empresas, deve-se ter cuidado no emprego que
será feito dessas informações. “Hoje não trabalhamos mais em
ambientes de escassez de dados, e sim de abundância. Não precisamos
mais trabalhar em cima de amostragens”, alertou.
RAIO X DE
UM SUCESSO
Logo a seguir os participantes do
ABA Summit puderam conhecer em detalhes os bastidores da produção
do case de Dove, um excelente exemplo de como as redes sociais
pode ser empregadas em prol das marcas.
Os números de “Retratos da real
beleza” – que trouxe para o Brasil seu primeiro Grand Prix de
Titanium do Festival de Cannes – são impressionantes: até o
início de novembro foram computados 170 milhões de views do vídeo
(é o mais compartilhado de todos os tempos e estima-se que 4 bilhões
de pessoas tenham sido impactadas pela campanha em todo o mundo,
considerando o compartilhamento de mensagens sobre a ação.
Apenas a título de referência,
basta saber que a publicidade mais vista no Youtube em 2012 foi o
comercial da Nike, intitulado “Meu tempo é agora”, que acumulou
20,8 milhões de visualizações ao longo de todo o ano.
Mas, talvez o mais importante (e que
alinha perfeitamente com a palestra de Taurion) é justamente o que
foi feito para se alcançar tais resultados: a empresa montou um QG
para acompanhar de perto a resposta dos usuários e agir efetivamente
sobre essas demandas. Ficou muito claro na apresentação de Fernando
Musa e Beto Fernandez (respectivamente, presidente e diretor de
criação da Ogilvy Brasil) que a “grande ideia” foi devidamente
trabalhada, usando a força das redes sociais para assegurar a
repercussão da iniciativa.
Num caso típico de fenômeno da
“cauda longa”, a estratégia de Dove conseguiu o engajamento
local, a partir de um bem formulado programa traçado para o universo
digital. Obviamente é impossível pensar em repetir a fórmula, mas
foram valiosas as dicas dos profissionais da agência no ABA Summit.
Eles relataram passo a passo o processo de desenvolvimento do
trabalho, compartilhando o que ocorreu nos bastidores.
Um dos aspectos destacados foi o
fato da agência e cliente terem acreditado na iniciativa, ainda que
não fosse possível prever os resultados, até pelo ineditismo da
ação. “Foi gratificante isso ter acontecido com Dove, conta que
está há muitos anos na agência. Geralmente isso pode ‘minar’ a
ousadia dos trabalhos”, enfatizou Musa.
Outra questão importante é que não
se tratou de uma campanha de lançamento ou de reposicionamento de
marca. É notório que, desde seu surgimento, Dove cuida muito bem da
sua comunicação, destaca-se em suas estratégias.
O desafio era encontrar uma forma de
enfatizar seus diferenciais, dando continuidade à linha adotada, com
sucesso, há anos. Segundo os profissionais da agência, foi
importante o fato de o anunciante e a agência conseguirem alinhar
esse objetivo ou suas ambições em relação à marca.
No caso de Dove, o aspecto principal
a ser trabalhado na campanha global, segundo o “briefing de uma
linha” passado pela Unilever para todos os escritórios regionais
da Ogilvy, era a baixa autoestima das mulheres. Segundo a pesquisa
mundial que a empresa tinha em mãos, apenas 4% das mulheres
consideram-se bonitas. Foi a partir desse dado que as agências foram
orientadas a desenvolver uma campanha que inspirasse as mulheres a
trabalhar melhor sua autoconfiança.
Hoje somos forçados a pensar em novos modelos de abordagem do consumidor uma opção é criar produtos e serviços que ajudem as empresas a ampliar sua base de negócios com os clientes.
Um aprendizado importante para a agência, viabilizado pela liberdade dada pelo anunciante, foi justamente a possibilidade de apresentar algo que não se sabia como iria funcionar na prática. Não havia script, nem story board para o comercial.
Numa dica relevante para os
anunciantes, Musa e Beto salientaram em sua apresentação a
importância de se “colocar a criação para pensar”. Parece
óbvio, mas eles lembraram que nem sempre isso ocorre rotineiramente.
Ambientes cada dia mais competitivos podem levar a operações cada
vez mais engessadas. No caso desse trabalho, 115 criativos foram
convidados a pensar sobre a situação da marca e mais de 80
profissionais participaram ativamente do processo de desenvolvimento
da campanha.
Segundo os profissionais, outro
aprendizado importante para a agência, viabilizado pela liberdade
dada pelo anunciante, foi justamente a possibilidade de apresentar
algo que não se sabia como iria funcionar na prática. Não havia
script, nem story board para o comercial.
No que se refere a execução do
projeto, Musa e Beto foram enfáticos em defender que foi primordial
poder contar com uma produção de qualidade, comprovando que para se
obter sucesso é preciso, como diz a velha máxima, dispor dos
melhores parceiros possíveis.
“Estar preparado para o sucesso”,
segundo Beto e Musa, foi mais um aprendizado importante e que vai
ajudar a agência em outros trabalhos. Em razão do sucesso alcançado
pelo vídeo foi preciso deflagrar uma série de iniciativas para
apoiar a sua divulgação. Foi quando entrou em cena o QG estruturado
para monitorar em real time os comentários dos consumidores e, de
imediato, desenvolver as ações necessárias para viralizar a ação.
MARKETING
2020
Na palestra de Marc de Swaan Arons,
chairman executivo da Effective Brands, que apresentou um resumo das
conclusões do estudo Marketing 2020, ele chamou a atenção
principalmente para as mudanças exigidas na forma com que se pratica
o marketing.
Como referência, citou casos
vividos pelos anunciantes, hoje obrigados a responder de imediato às
interações que surgem a todo o momento no ambiente on-line.
Não há duvidas de que empresas que trabalham com propósitos tem melhores resultados em todos seus indicadores, incluindo os econômicos.
“O que temos percebido é que o
marketing mudou, mas as organizações não se transformaram”,
salientou Aron, observando que foi a inquietação dos anunciantes em
relação a isso que levou a ANA (a associação norte-americana dos
anunciantes) a coordenar um estudo global sobre o assunto. O Brasil,
via ABA, participou ativamente da pesquisa, realizada pela Effective
Brands.
Os principais insights do “Marketing
2020 – Organization for growth” foram divulgados em primeira mão
no ABA Summit e indicam como o marketing pode alinhar estratégia,
estrutura e capacitação para apoiar o crescimento das empresas.
Essas empresas consideram primordial ter dados que ajudem a
mensurar o desempenho da área de marketing.
MARKETING 2020
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Como preparar as organizações para 2020:
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Conecte o marketing
com toda a companhia.
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Inspire todas as partes interessadas em torno de um objetivo comum.
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Assegure foco total
nos indicadores-chave e metas.
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Organize de forma a obter integração total;
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Construa capacitação
para marketing na era digital.
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Contemplando 92 países, o estudo ouviu 250 CMOs globais e
mais de 10 mil profissionais de marketing. Apenas no Brasil foram 128 pessoas.
Para chegar a resultados mais precisos sobre a atuação das
empresas, a Effective Brands analisou a situação de 49 companhias, cruzando
suas informações com o que foi captado nas entrevistas com os CMOs. A partir
daí conseguiu delinear as principais características das “marcas vencedoras”,
indicando o que elas têm feito para alcançar os bons resultados. Alguns
aspectos merecem ser analisados com atenção:
MARKETING 2020
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As maiores diferenças do Marketing 2020
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1. A
geração Why (Millenials) irá liderar.
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2. A
Classe média global dobrará de tamanho.
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3. Haverá
quase completa transparência nos mercados do mundo.
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4. As
marcas precisarão ser construídas a partir de um propósito claro.
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5. As
marcas vencedoras irão oferecer experiências totais.
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6. A
integração será a prioridade organizacional número 1.
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7. As
organizações que melhor executarem o engajamento serão vencedoras.
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8. Desenvolver
a capacitação de marketing será mais importante.
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9. Os
líderes de marketing serão responsáveis pela orquestração e integração.
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A maioria valoriza o propósito social das marcas. Segundo Arons, a pesquisa indica que empresas que trabalham com propósitos têm melhores resultados em todos os seus indicadores, incluindo os econômicos.
Entre as marcas mais bem-sucedidas, outra característica comum: trabalham de forma mais customizada. “Se a iniciativa é feita sob medida, entrega mais valor para o consumidor”, explicou Arons, chamando a atenção para a importância da personalização.
No caso dos propósitos, Arons observou que ficou muito clara na pesquisa a necessidade de as marcas serem capazes de oferecer benefícios funcionais, emocionais e sociais para seus consumidores, concretizados a partir de múltiplos pontos de contato totalmente integrados.
Como exemplo, citou o caso de empresas que têm tido sucesso justamente por conseguirem priorizar essa questão dos benefícios de forma alinhada com o propósito das marcas. Segundo o especialista, Pampers aposta no benefício funcional quando investe em produtos que garantam mais conforto para as crianças. Dove é um exemplo do que pode ser feito no campo emocional, na medida em que se dedica a trabalhar a autoestima das mulheres. E a iniciativa das Tintas Coral (Dulux em outros países) para melhorar o visual das residências de baixa renda ilustra bem o que pode ser feito no social. “É essencial que as empresas tenham propósitos bem delineados e que todos os seus colaboradores estejam engajados nesse mesmo objetivo”, salientou Arons.
A “agenda” das inquietações do
marketing inclui questões como a busca de modelos para integrar as
agências on e off, bem como a capacitação dos times de marketing
para que transitem no on-line tão bem quanto no off-line. Outras
iniciativas consideradas prioritárias: tornar as equipes mais
colaborativas e integrar melhor o trabalho da área de marketing
(veja os boxes).
Fonte: Revista ABA –
out/nov 2013
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