De 14 megatrends
globais, o Brasil de 2014 exige atenção para quatro, em função do cenário
político-econômico, da participação popular, do uso da mídia social e da
redução do ímpeto de consumo
Tão importante quanto ser capaz de antecipar o futuro é
estar preparado para o presente. Entender o presente nem sempre é uma tarefa
fácil. Como naquela velha metáfora das árvores, você não consegue ver a
floresta quando está metido no meio dela. Compreender o contexto exige certo
distanciamento e uma das maneiras mais eficazes de se fazer isso é partindo das
forças que atuam sobre a sociedade, as megatrends.
Tomemos como referência o trabalho do Copenhagen Institute
for Futures Studies (CIFS), um das mais renomadas entidades mundiais dedicadas
ao tema, que identifica, atualmente, 14 megatrends relevantes: Network society;
Sustainability; Knowledge society; Immaterialization; Democratization;
Acceleration and Complexity; Technologic development; Economic growth;
Individualization; Commercialization; Globalization; Polarization; Focus on
health; Demographic development.
De acordo com Peter Kronstrom, diretor do CIFS no Brasil,
esse vetores atuam de forma combinada, resultado em trends, sub-trends e,
finalmente, derivando nos acontecimentos do presente.
O Brasil de 2014 tem algumas características específicas a
serem levadas em consideração: Copa do Mundo, eleições (presidente,
governadores, senadores, deputados), um cenário de perspectivas econômicas
preocupantes e grande tensão política.
Isso nos permite considerar que algumas megatrends estarão
mais atuantes.
Por um lado, a tecnologia (Technologic development), o livre
e intenso acesso a informação (Knowledge society) e o ritmo acelerado e
complexo da vida (Aceleration and complexity) seguirão como pano de fundo,
tanto aqui quanto no resto do mundo.
Por outro, é de se esperar que o cenário político-econômico
nacional acentue o antagonismo das posições (Polarization), estimule a
participação popular (Democratization), intensifique o uso das redes sociais
(Network society) e reduza o ímpeto de consumo material (Immaterialization).
Especulando sobre o que será diferente no Brasil em 2014,
devemos dedicar nossa atenção a essas quatro megatrends específicas.
Do ponto de vista dos negócios, encontraremos consumidores
mais conscientes, críticos e “beligerantes”, exigindo agilidade, flexibilidade,
objetividade e, sobretudo, honestidade das organizações.
É de se esperar uma retração do consumo (exceto para
televisores e afins) e um deslocamento de interesses para itens mais
relacionados com “atitude” do que com “status”, mais com “vivenciar” do que com
“possuir”, mais direcionados à qualidade de vida e ao desenvolvimento pessoal
no curto prazo do que no longo prazo.
As empresas que desejarem obter resultados melhores em 2014
deverão acentuar sua atenção à qualidade do serviço (experiência) em todos os
pontos de contato e voltar a equilibrar a equação de satisfação
acionista-consumidor.
Quem dedicou maior esforço à preservação das margens do que
à inovação nos últimos dois anos deverá “pagar a conta” em 2014, diante de
consumidores exigentes e capazes de reconhecer o descaso, dispostos a devolver
na mesma moeda. Conquistar esse consumidor mais participativo irá exigir real disposição
para ouvir e atender, além de demonstrações claras da importância do consumidor
para a marca, permitindo sua efetiva participação.
Para levantar o troféu em 2014, as empresas terão de
convencer o consumidor a jogar no seu time, por merecimento.
Flávio Ferrari
Sócio da Sevendots e
especialista na interpretação de tendências para desenvolvimento de negócios.
Fonte: Revista Meio & Mensagem
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