sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Jogando no seu time e votando em você

De 14 megatrends globais, o Brasil de 2014 exige atenção para quatro, em função do cenário político-econômico, da participação popular, do uso da mídia social e da redução do ímpeto de consumo




Tão importante quanto ser capaz de antecipar o futuro é estar preparado para o presente. Entender o presente nem sempre é uma tarefa fácil. Como naquela velha metáfora das árvores, você não consegue ver a floresta quando está metido no meio dela. Compreender o contexto exige certo distanciamento e uma das maneiras mais eficazes de se fazer isso é partindo das forças que atuam sobre a sociedade, as megatrends.

Tomemos como referência o trabalho do Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS), um das mais renomadas entidades mundiais dedicadas ao tema, que identifica, atualmente, 14 megatrends relevantes: Network society; Sustainability; Knowledge society; Immaterialization; Democratization; Acceleration and Complexity; Technologic development; Economic growth; Individualization; Commercialization; Globalization; Polarization; Focus on health; Demographic development.

De acordo com Peter Kronstrom, diretor do CIFS no Brasil, esse vetores atuam de forma combinada, resultado em trends, sub-trends e, finalmente, derivando nos acontecimentos do presente.

O Brasil de 2014 tem algumas características específicas a serem levadas em consideração: Copa do Mundo, eleições (presidente, governadores, senadores, deputados), um cenário de perspectivas econômicas preocupantes e grande tensão política.

Isso nos permite considerar que algumas megatrends estarão mais atuantes.

Por um lado, a tecnologia (Technologic development), o livre e intenso acesso a informação (Knowledge society) e o ritmo acelerado e complexo da vida (Aceleration and complexity) seguirão como pano de fundo, tanto aqui quanto no resto do mundo.

Por outro, é de se esperar que o cenário político-econômico nacional acentue o antagonismo das posições (Polarization), estimule a participação popular (Democratization), intensifique o uso das redes sociais (Network society) e reduza o ímpeto de consumo material (Immaterialization).

Especulando sobre o que será diferente no Brasil em 2014, devemos dedicar nossa atenção a essas quatro megatrends específicas.

Do ponto de vista dos negócios, encontraremos consumidores mais conscientes, críticos e “beligerantes”, exigindo agilidade, flexibilidade, objetividade e, sobretudo, honestidade das organizações.

É de se esperar uma retração do consumo (exceto para televisores e afins) e um deslocamento de interesses para itens mais relacionados com “atitude” do que com “status”, mais com “vivenciar” do que com “possuir”, mais direcionados à qualidade de vida e ao desenvolvimento pessoal no curto prazo do que no longo prazo.

As empresas que desejarem obter resultados melhores em 2014 deverão acentuar sua atenção à qualidade do serviço (experiência) em todos os pontos de contato e voltar a equilibrar a equação de satisfação acionista-consumidor.

Quem dedicou maior esforço à preservação das margens do que à inovação nos últimos dois anos deverá “pagar a conta” em 2014, diante de consumidores exigentes e capazes de reconhecer o descaso, dispostos a devolver na mesma moeda. Conquistar esse consumidor mais participativo irá exigir real disposição para ouvir e atender, além de demonstrações claras da importância do consumidor para a marca, permitindo sua efetiva participação.

Para levantar o troféu em 2014, as empresas terão de convencer o consumidor a jogar no seu time, por merecimento.

Flávio Ferrari
Sócio da Sevendots e especialista na interpretação de tendências para desenvolvimento de negócios.



Fonte: Revista Meio & Mensagem 

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