segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Medo de que? Inflação na memória do goiano

Medo de quê?
Inflação na memória do goiano
Em Goiânia, alta de preços aflige mais a população do que problemas de saúde e falta de emprego
Lídia Borges 06 de novembro de 2011 (domingo) Jornal O Popular 

Quem não vivenciou a época da plena inflação no Brasil não consegue entender por que o aumento de preços preocupa mais a população de Goiânia do que o medo de ficar doente ou de perder o emprego. No interior do Estado, essa apreensão chega a ser maior inclusive do que o medo de se tornar vítima da violência.

Mas não é para menos. A pesquisa feita pela Grupom Consultoria Empresarial com 2.455 pessoas mostra que, quase duas décadas depois, a estabilização da moeda nacional não apagou da memória das pessoas a lembrança de uma época em que os preços subiam mais de uma vez por dia, quando os índices de reajuste passavam de 1.000% ao mês e as prateleiras nos supermercados ficavam vazias com a corrida de consumidores para estocar produtos em casa e fugir da alta.

O casal Darci Rodrigues, 56, e Lázara Penha Rodrigues, 46, lembram muito bem da dificuldade que passavam na época para dar conta de manter o orçamento doméstico. A alimentação era menos variada, porque era preciso escolher alguns produtos em detrimento de outros. E os eletrodomésticos eram artigo de luxo. "Hoje, comemos muito melhor, mesmo o salário sendo baixo. Também há mais opção de emprego. E já podemos comprar com mais facilidade equipamentos, como máquina de lavar e TV", diz a dona de casa.
Para a atendente de call center Dalva da Mata, 42 anos, o medo de passar por um novo período de inflação é reforçado pelas constantes notícias da atual crise econômica internacional. "A gente fica sempre 'com um pé atrás'. O Brasil é um país de fartura, mas é vulnerável", justifica.

Segundo o presidente do Instituto Pró-Economia, Adriano Paranaíba, os problemas fiscais de países europeus e a deficiência financeira global aumentam o risco inflacionário nas economias emergentes, dentre as quais estão nações como o Brasil, Rússia e China. Entretanto, na opinião do economista, a possibilidade de o País voltar aos patamares do final da década de 80 é quase nula.
"Eu tenho muito mais medo do surgimento de um novo imposto - como o que se discute para a saúde, nos moldes da antiga CPMF - do que propriamente da inflação. A alta carga tributária e os desvios com corrupção impactam muito mais o nosso bolso hoje do que a situação inflacionária atual", compara.

Para Adriano Paranaíba, as medidas adotadas pelo Banco Central de interferir no crédito, na taxa de juros, mostram que existe um controle da situação. "A economia está bem vigiada.


Atualizado em Janeiro 2012 - Aumenta a preocupação com relação a inflação neste início de ano.

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