A revolução tecnológica e digital transformou a forma como as pessoas se conectam, consomem e enxergam o mundo. A indústria também foi impactada, sobretudo, em suas formas de produção.
Acontece desde terça-feira (27), em São Paulo, o 7º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria que tem como objetivo justamente refletir e discutir sobre essas mudanças.
Para o diretor de Educação e Tecnologia da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Rafael Lucchesi, a inovação é o principal fator de competitividade em qualquer mercado.
Porém, apesar de algumas iniciativas relevantes que demonstraram avanços recentes, o Brasil está estagnado na corrida pela inovação.
"Nós temos um enorme desafio. As cadeias de valor vão se alterar e nós temos que nos mover em direção à elas. Porque se nós não estivermos caminhando junto com os outros países, a nossa possibilidade de inserção nos mercados internacionais vai ser bem mais dificultada", avalia o diretor em entrevista ao HuffPost Brasil.
No último levantamento do Índice Global de Inovação, o País recuou 22 posições em menos de 10 anos, de acordo com a CNI. O Brasil estava na 49ª posição em 2011 e, atualmente, está na 69ª colocação do ranking.
Apesar de ser maior economia da América Latina, o Brasil foi ultrapassado por países como Chile, Colômbia e Uruguai, por exemplo.
Para Lucchesi, a queda também está relacionada as crises econômica e fiscal.
"A crise econômica gerou grandes dificuldades para nós e combinado com ela nós também temos uma situação de crise fiscal. A combinação dessas duas questões afetou a gente de forma muito intensa e deixou o país menos competitivo nesse índice. É óbvio que se teve um recuo muito forte nos financiamentos de projetos em Ciência e Tecnologia. Houve um esgotamento de nossas fontes de financiamento. Teve redução dos recursos de subvenção para inovação empresarial. Tudo isso cria dificuldades para as empresas investirem", analisa.
Para o Brasil se manter no páreo, o diretor de inovação chama atenção para as "mega tendências" que estão impactando a indústria em direção a um novo padrão de produção e competição.
"Nas megatendências temos muita coisa ligada a condição autônoma, o que vai dar muito mais tempo e liberdade para as pessoas. Por exemplo, as geladeiras vão saber todo o seu padrão de consumo, porque todo produto que entrar será identificado e a geladeira vai ter controle de tudo. Daí, ela vai se conectar com seu smartphone e o seu supermercado. Você vai poder fazer suas comprar com um clique. E vai poder usar esse tempo liberado em outras atividades. Você vai ter muita informação, então tudo vai ter uma base de dados muito sólida para poder circular", explica.
Para o diretor, o grande desafio também será "não distanciar tanto as pessoas do processos".
"A alienação é também associada a grande disponibilidade de informações. Ainda não existe um modelo ideal, mas uma coisa é certa que estaremos trabalhando para a integração do mundo ciberfísico. Se o mundo digital, a evolução digital, transformou toda a parte de mídia e produção cultural, o mundo ciberfísico vai reorganizar uma série de atividades trazendo mais liberdade para as pessoas."
Confira a lista das mega tendências de inovação que estão impactando o mundo:
Internet das coisas e sensores
A comunicação autônoma entre máquinas e produtos acontece por meio de sistemas que permitem conectar tudo (ou quase tudo!) à internet. Por meio dela, a integração entre as coisas será cada vez mais intensa e com menor interferência humana. Tudo terá sensores embutidos, como itens vestíveis, encomendas e até alimentos.
Inteligência Artificial, ciência e análise de dados
O que parecia uma quimera das obras de ficção científica está se tornando realidade. Hoje, já estão em desenvolvimento e uso sistemas e robôs com capacidade de tomar decisões conforme necessário. A inteligência das máquinas, com o uso de algoritmos para processar grandes lotes de informações, permite o reconhecimento de padrões e a interferência em processos. Informação captada por sensores e processadas por computadores dão suporte para a tomada de decisão. Por exemplo, pelo ruído de uma máquina, é possível reconhecer a necessidade de manutenção ou correção de problemas.
Nanotecnologia
A capacidade de manipular um material em escala atômica e molecular nos leva a possibilidades infinitas de uso. Da indústria farmacêutica à têxtil, a nanotecnologia permite criar produtos de maior qualidade e eficiência.
Biotecnologia
A biotecnologia ganhou relevância nos últimos anos. Por meio dela, é possível criar respostas sustentáveis para os desafios de saúde e de produção de alimentos. Um dos ramos mais conhecidos é a engenharia genética de humanos, plantas e animais.
Robótica Avançada
Talvez o exemplo mais conhecido da robótica avançada seja o carro autônomo, que utiliza sensores e sistemas de controle computacional sofisticados para garantir o transporte autônomo e seguro de pessoas. Isso é possível por meio de máquinas e equipamentos que operam com sistemas de comunicação integrados e com conexão remota. Essa tecnologia já funciona em países como Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra.
Impressão 3D
Produção precisa, com desperdício mínimo. A impressora 3D é uma contraproposta robusta aos métodos tradicionais de produção. O processo combina modelagem digital a processo de produção em camadas, semelhante a uma impressora. De pequenos objetos à turbina de avião, a impressão 3D já realidade bastante explorada em países como Alemanha, Estados Unidos e Coreia do Sul. No Brasil, ainda tem uso discreto.
Realidade virtual e aumentada
Por meio do aumento da realidade, a tecnologia permite conhecer destinos, simular ambientes de trabalho e o funcionamento de meios de transporte. Tudo isso com recursos sonoros, gráficos e visuais cada vez mais próximos do mundo real. Disponível em computadores pessoais e equipamentos como Óculos Rift e Google Glass.
Bitcoin e Blockchain
As transações se tornarão totalmente seguras e terão baixíssimo custo com o uso dos chamados livros-razão, que registram todas as transações. O mecanismo de validação do Blockchain, além de seguro, é usado em várias aplicações além da função original, vinculada à moeda eletrônica.
Conhecimento perfeito
Desdobramento da internet das coisas, aliada a sistemas inovadores de satélites em órbita terrestre e sensores ilimitados, o chamado conhecimento perfeito permitirá que as pessoas saibam tudo o que quiserem, em qualquer lugar e a qualquer momento.
Por HuffPost Brasil Repórter de Vozes, Mulheres e Notícias,
Nenhum comentário:
Postar um comentário