Por Renato Serra, Social Media da Grupom Consultoria e Pesquisas.
A resposta está em um recente estudo
do Kapor Center for Social Impact, realizado com a Harris Poll, que teve como
objetivo investigar as diferentes experiências de ex-funcionários de empresas
do setor de tecnologia nos EUA, notadamente aquelas localizadas no Vale da
Tecnologia. O estudo indicou que o outrora sonho de 10 entre 10 profissionais
de tecnologia de trabalhar em empresas como Google, Facebook, Apple, entre
outras, revela hoje conflitos, reclamações e decepções.
Hoje
tal unanimidade não existe, apesar de muitos profissionais ainda
desejarem entrar nesse mundo de escritórios com salas de jogos e comida
grátis. Outros profissionais, que alcançaram este sonho escolheram abandonar o
Vale. O motivo mais comum para esta decisão é o sentimento comum de receberem
um tratamento injusto.
Os
motivos mais comuns para os profissionais de todos os perfis deixarem os seus
empregos foram: Tratamento injusto (37%), que apareceu na frente da busca por
uma vaga melhor (35%), da insatisfação com o ambiente de trabalho (25%) ou com
as obrigações do cargo (22%), e de ser recrutado por outra empresa (19%). Ele
também aparece como fator que contribui para a decisão mesmo no caso daqueles
que tinham outros motivos principais. Dois terços dos profissionais indicam que
teriam ficado na empresa se ela tomasse medidas para melhorar sua cultura.
Para o
estudo, foram entrevistados dois mil profissionais que pediram demissão de
empresas do setor de tecnologia ou de empregos da área em companhias de outros
setores nos EUA, ao longo dos últimos três anos.
Para agravar ainda mais o quadro de
insatisfação, uma em cada dez
mulheres sofreu assédio sexual no emprego mais recente, e os casos de assédio
aconteceram com mais frequência no setor de tecnologia do que entre
funcionários de empresas de outros setores.
Foi identificado pelo estudo que em organizações com
iniciativas de diversidade, menos profissionais reportaram comportamentos
prejudiciais como razão para a saída. Isso só aconteceu, no entanto, em
companhias com uma estratégia ampla e profunda, e não apenas medidas pontuais.
Fato é que em um cenário empresarial cada vez mais
competitivo, possuir recursos materiais, bens financeiros e muitas inovações
tecnológicas pode não ser a garantia para que grandes empresas consigam manter
em seus quadros profissionais mais qualificados. É nítido que as pessoas sonham
mais e buscam, hoje em dia, trabalhar em empresas nas quais as qualidades
referentes ao trabalho de um colaborador, bem como suas habilidades e
experiências pessoais, não podem ser substituídas ou supridas por bens
materiais.
No final das contas, vale uma reflexão
feita pelo empresário Abílio Diniz com relação ao conceito de “Empresas
“Humanas”, que diz: “Não dá pra ter uma
empresa de alta performance se não for uma empresa que tenha
gente comprometida com gente e
trabalhando para gente. Se não for uma empresa humana, que tenha alma e
coração, não vai ser uma empresa de alta performance”. E acrescento:
Também não será uma empresa moderna e com um quadro de colaboradores plenamente
satisfeitos.
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