Apesar da desaceleração da economia, os dois municípios conseguem concentrar investimentos
Por: Lídia Borges e Cristina Cabral 07 de julho de 2013
Maquete do complexo Órion , grande empreendimento na área
médico-hospitalar programado para a cidade de Goiânia
Mapa dos Empreendimentos
Com posições estratégicas no País e
donas dos 1º e 3º maiores Produtos Internos Brutos (PIB) de um Estado que tem
crescido acima da média nacional, Goiânia e Aparecida de Goiânia conseguem
concentrar grandes investimentos privados mesmo num momento em que a economia
nacional está em desaceleração.
Contando os empreendimentos que estão
em obras, os já lançados e aqueles em fase de elaboração e aprovação de
projetos, as duas cidades terão em até cinco anos mais de R$ 12,2 bilhões em
recursos aplicados (veja quadro), o que equivale, por exemplo, a quase
11% de toda a riqueza goiana gerada no ano passado.
negócios imobiliários
Os negócios imobiliários - entre
casas, apartamentos e salas comerciais - perfazem o maior volume de
investimentos em Goiânia e Aparecida.
Ao todo, são 189 empreendimentos que
terão R$ 8,6 bilhões em recursos, segundo levantamento da Associação das
Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO).
Oitenta por cento deles estão em fase de obras.
Nessa conta não entram os shoppings
centers, cujo crescimento também funciona como indicador positivo da economia.
No total, entre construções e ampliações, o setor tem programado mais de R$ 1,3
bilhão em investimentos nas duas cidades.
A movimentação no mercado hoteleiro
também garantiu um grande volume de recursos para ambos os municípios, com
previsão de R$ 687 milhões. Até 2016, serão, pelo menos, mais sete novos hotéis
já com projetos consolidados ou em fase de obras (mas o sindicato da categoria
sinaliza que haverá mais unidades).
Outros dois grandes empreendimentos
na área médico-hospitalar estão programados para Goiânia, ambos no Setor
Marista - o hospital Premium (na Avenida D) e o complexo Órion (nas Avenidas
Portugal com Mutirão), que também terá espaço para hotel, escritório e
shopping.
Para o presidente da Ademi-GO, Ilézio Inácio Ferreira, o
grande volume de recursos e a aposta das incorporadoras nos setores imobiliário
e de negócios funcionam como um termômetro da confiança que os empresários
estão tendo na economia das duas cidades, assim como de todo o Estado, que está
entre os que mais crescem no País, porcentualmente. “E o mercado imobiliário
foi um dos que mais contribuíram para este aumento”, destaca o dirigente.
Com a forte vocação para o
agronegócio, Goiás se beneficiou da alta demanda por commodities agrícolas e
alimentos no mercado nacional e internacional, o que permitiu uma posição de
destaque no País nos últimos anos, característica que saltou aos olhos dos
investidores, explica o consultor empresarial e membro do Conselho Regional de
Economia de Goiás (Corecon), José Luiz Miranda.
Aliado a isso, está a posição
estratégica de Goiânia e Aparecida (que estão próximas do Porto Seco de
Anápolis), fator importante para a logística das empresas, na distribuição de
produtos e matérias-primas, acrescenta José Luiz.
Fatores
Todos esses fatores acabam compondo
uma cadeia: boa situação econômica e localização atraem novas empresas e
investimentos, que geram novos empregos e, consequentemente, mais dinheiro a
economia local.
O resultado dessa sequência de
fatores impacta diretamente o setor de habitação e o comércio e, por isso,
tantos novos empreendimentos habitacionais (voltados principalmente para uma
classe média com demanda reprimida por moradia) e centros de compras (para uma
população que aumentou o poder de consumo), analisa José Luiz, que também é
professor de graduação.
Segundo o economista, entre todos os
Estados nacionais, o único que tem uma situação de expansão de investimentos
comparada a de Goiás é o Rio de Janeiro, mas por motivos diferentes.
“Lá, o grande motor de expansão são
as obras da Copa do Mundo, das Olimpíadas e os investimentos da Petrobras na
exploração do pré-sal. E estes se propagam por várias outras áreas”, esclarece
o economista.
Economista vê risco de “superprodução”
(LB) 07 de julho de
2013
Embora o grande crescimento nacional
tenha se dado em 2010, com recordes em vários setores da economia, o economista
José Luiz Miranda afirma que, naquela ocasião, a expansão estava centrada no
estímulo e facilitação ao crédito, que levou a um alto comprometimento da renda
das famílias e aumento da inadimplência até os dias atuais. Hoje, com a maior
seletividade na concessão ao crédito, a renda para o consumo é fruto
principalmente do trabalho, frisa José Luiz.
Mas apesar do cenário positivo,
existe um risco de “superprodução”, informa o economista. O cenário
internacional (que era de crise) tende a melhorar e afastar os investimentos do
Brasil, já que haverá mais opções. Além disso, pode ser que haja uma “superprodução”
nas áreas que estão sendo fortemente impulsionadas, como habitação, por
exemplo. “Os riscos sempre existem. Mas não quer dizer que vão acontecer. Por
isso, não bastam apenas incentivos fiscais; é preciso uma política de Estado
consistente, investimento em infraestrutura e uma ação parlamentar mais
efetiva”, defende.
Fonte: Jornal "O Popular"
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