Mesmo com a expansão de vários hospitais privados nos últimos anos, o setor viu o número de leitos diminuir 10% entre 2010 e 2017. A redução significa 31,4 mil unidades de internação a menos no país.
Com essa queda, o país passa a ter 264 mil leitos particulares. Considerando também a rede pública, o volume total é de 409 mil leitos.
Segundo a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), hoje há 430 hospitais particulares a menos do que em 2010. Durante esses oito anos, 1.797 fecharam suas portas e 1.367 foram inaugurados. Ao todo estão em funcionamento atualmente 4,4 mil hospitais privados no Brasil.
O investimento necessário para a construção de 31,4 mil leitos é da ordem de R$ 30 bilhões. “O déficit de leitos piorou nos últimos anos e, com a retomada da economia, pode haver um colapso nas cidades do interior, onde houve o maior volume de fechamentos”, disse Bruno Sobral de Carvalho, consultor responsável pelo levantamento realizado para a FBH.
O capital estrangeiro no setor hospitalar, cuja entrada foi permitida pela legislação em 2015, deve contribuir para reduzir esse déficit, mas, na visão de Carvalho, os investidores tendem a se interessar, inicialmente, pelas capitais. A queda no número de leitos caiu na seguinte proporção: Nordeste (19,3%), Norte (13,3%), Sudeste (12,9%) e Centro-Oeste (4%). No Sul, houve aumento de 2%. Segundo o consultor, a região teve esse desempenho porque abriga muitas instituições de saúde filantrópicas.
No Brasil, há dois leitos – incluindo o setor privado e o público – para cada 1 mil habitantes. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que essa relação seja de três leitos para essa população. Dos 1,8 mil hospitais que interromperam suas atividades, cerca de 68% estavam localizados em cidades do interior do país e tinham menos de 50 leitos. Segundo especialistas, para que um hospital seja rentável é necessário ter no mínimo 150 unidades de internação.
No Brasil, mais da metade do setor privado têm até 50 leitos.
Um dos motivos para essa situação é o porte dos hospitais brasileiros que, devido ao seu tamanho, não conseguem ter escala e produtividade. Somente 8,3% possuem entre 151 e 500 leitos.
Num grupo de 49 grandes hospitais, o movimento foi contrário, com aumento de 24% no volume de leitos entre 2010 e 2017. “Fomos na contramão da queda observada em todo o país, que se deu principalmente nos leitos SUS”, informou a Associação Nacional dos Hospitais Privados, (Anahp), que reúne os 103 maiores hospitais do país.
Outro fator citado pelo setor hospitalar é a pressão das operadoras de convênios médicos, que vêm aumentando o prazo de pagamento.
Entre os 100 maiores hospitais do país, cujo poder de barganha é maior, as operadoras pagaram em 74 dias, o equivalente a uma semana a mais em relação a 2016, segundo a Anahp.
Ainda segundo a federação, 72% dos hospitais que encerraram as atividades tinham fins lucrativos. “Os impostos consomem 37,23% da receita. Os hospitais filantrópicos, que não têm tantos encargos, sofreram menos”, disse Carvalho.
No entanto, os hospitais privados que têm boa parte da receita vinda do SUS foram fortemente impactados. Cerca de 53% dos hospitais fechados, entre 2010 e 2017, tendiam pacientes SUS. A remuneração do governo cobre em média 40% dos custos médicos.
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