segunda-feira, 18 de maio de 2015

Como nasce uma jabuticaba

Por Alberto Carlos Almeida - 15/05/2015 – 05:00
Tornou-se uma convenção – por sinal, injusta – denominar jabuticaba tudo aquilo que só existe no Brasil. Quando se afirma que algo é uma jabuticaba, em particular uma instituição política, uma prática social ou um conjunto de leis, a referência é pejorativa. Se realmente for isso, peço perdão aqui, figurativamente, aos pés de jabuticaba e à própria fruta, assim como àqueles que a apreciam, para solicitar aos leitores que observem como nasce uma jabuticaba. Isso mesmo. Temos o privilégio de ser testemunhas oculares, e históricas, do nascimento de uma jabuticaba institucional: a adoção do voto distrital em municípios com mais de 200 mil eleitores. Se isso acontecer, tratar-se-á de algo exclusivamente brasileiro.
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Mais exclusiva é a adoção desse sistema logo depois das eleições gerais no Reino Unido, realizadas na semana passada. Veja-se o que acabou de acontecer naquele país, que já foi um império, mas que vive uma decadência secular e ininterrupta: o Partido Nacional Escocês (SNP), recebeu 4,7% dos votos e conquistou 56 cadeiras no Parlamento, o que significa que elegeu 8,6% dos deputados. Ou seja, obteve 83% mais cadeiras do que votos. O outro lado da moeda foi o que aconteceu com o Partido Britânico da Independência (UKIP), votado por 12,6% dos eleitores, que conquistou somente uma cadeira. O voto distrital, considerando-se somente esses resultados – há muitos outros exemplos, muitos – leva a uma alocação praticamente aleatória quando se trata de relacionar a proporção de votos com a proporção de deputados eleitos. É isso que queremos no Brasil?

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