As previsões para automatização do mercado de trabalho, feitas pelo Fórum Econômico Mundial, apontavam que até 2020 o número de empregos perdidos por conta da tecnologia passaria dos 7 milhões. Deste número, dois terços abrangeriam postos de trabalho ligados a escritórios e atividades administrativas. A dois anos de alcançar essa estimativa, a habilidade técnica para os profissionais que ocupam esses cargos, em sua maioria com formações na área de humanas, é hoje uma necessidade, até para que esses postos sejam transformados, e não mais descartados.
É praticamente impossível hoje, segundo os especialistas, conseguir desenvolver atividades profissionais sem o domínio mínimo de tecnologia. Entender de programação e análise de dados pode parecer uma barreira difícil de transpor para quem não tem formação e experiência em cursos mais técnicos. Mas superar essa dificuldade e se manter no mercado de trabalho requer algo simples: uma postura curiosa e sem resistência.
Para quem ainda não domina tecnologia, ou não se sente confiante em lidar com ela no trabalho ou em uma entrevista de emprego, alguns passos simples podem colocar o profissional no caminho do mundo digital. Confira as dicas do responsável pelos Recursos Humanos da Contabilizei, Otávio Torres; da investidora-anjo e presidente da Gávea Angels, Camila Farani; do fundador e CEO da Linte, Gabriel Senra; e do diretor da PwC Brasil, Roberto Martins.
5 passos para alguém de humanas tornar-se um profissional digital
1. Busque informação sobre a tecnologia Quando estiver em um processo seletivo de emprego, veja se no e-mail de recrutamento existe alguma menção (geralmente no final da mensagem) de algum programa usado pela empresa. Se sim, busque informações sobre ele para mostrar, na entrevista, que tem interesse na tecnologia empregada.
Segundo o CEO da Linte, Gabriel Senra, o caminho é querer conhecer, saber como os programas funcionam, sem ter medo. “Toda mudança dói muito. Os profissionais da área de humanas precisam primeiro entender que a tecnologia vai ajudar, não atrapalhar. Trabalhar usando tecnologia não é necessariamente saber programar, mas querer aprender a usar novas ferramentas”, explica o fundador da startup que desenvolveu uma plataforma que controla a gestão dos processos e contratos de escritórios de advocacia e departamento jurídico de empresas.
2. Ainda dá tempo de aprender a programar
Se a empresa não oferecer treinamento para uso de programas e ferramentas, existem hoje disponíveis muitos cursos online e nas universidades, pagos ou gratuitos. Para começar, invista em um de programação básica.
Qualquer pessoa que não saiba pode aprender programação, independentemente da idade. E não necessariamente quem é mais jovem terá um domínio maior de tecnologia dos que os que estão no mercado há mais tempo. Para a investidora-anjo e presidente da Gávea Angels, Camila Farani, esse tipo de pensamento é um engano. O domínio de novas ferramentas não tem ligação necessária com a idade, mas com o interesse de cada profissional.
“Pessoas que conseguem aderir às novas tecnologias mais rápido, usar aplicativos e softwares sem medo de aprender, são as que se saem bem no mercado, não importa se têm 20 ou 40 anos. Portanto, o caminho para quem ainda não sabe nada — ou muito pouco de tecnologia — é aprender. Para isso a saída é buscar formação sozinho.
3. Busque se familiarizar com o maior número possível de ferramentas.
Sempre que ouvir falar em alguma que desconhece, faça pelo menos uma busca rápida para saber do que se trata e ter noções básicas do seu funcionamento.
A previsão dos especialistas é de que não vai faltar colocação para quem se dispuser a aprender. Pelo contrário, o que existe — e tende a piorar nos próximos dez anos — é uma falta de profissionais capacitados para lidar com novas tecnologias. E isso independe de um curso formal. Ficar atento a blogs e sites de tecnologia ajuda bastante para saber o que já existe e a ficar de olho no que é tendência.
4. Informe-se sobre a transformação digital na sua empresa
E na transição pela qual passa o ramo da da empresa em que trabalha ou pretende trabalhar. Saber por qual caminho ela vai é fundamental na hora de saber buscar ferramentas úteis para essa área.
Muitas empresas usam programas conhecidos, outras não. No primeiro caso, cursos e buscas na internet (como nas dicas acima), ajudam. No segundo, quando a empresa trabalha com alguma tecnologia específica, desenvolvida especialmente para as atividades que realiza, geralmente existe treinamento próprio, já que dificilmente um profissional vai ter um conhecimento prévio daquele programa.
“Nesses casos, a habilidade essencial que precisa ter é estar disposto a conhecer, mexer, mostra-se interessado a usar o potencial da tecnologia para potencializar seu trabalho”, diz Otávio Torres, responsável pela área de Recursos Humanos na Contabilizei, empresa que presta serviço online de contabilidade.
5. Aprenda a analisar dados.
Mais do que saber programar, é preciso entender e interpretar dados. É um trabalho mais numérico e menos subjetivo.
Com a experiência de inserir uma área essencialmente de humanas a esse universo tecnológico, Senra (que fundou uma startup que desenvolveu uma plataforma que controla a gestão dos processos e contratos de escritórios de advocacia e departamento jurídico de empresas) percebeu que o problema dos profissionais dessa área está em uma formação mais subjetiva, não acostumada a usar métrica e analisar resultados.
E é esse papel que a tecnologia cumpre. Isso não significa que ela vai substituir esses profissionais. Pelo contrário. Professores, advogados, contadores e psicólogos, por exemplo, não serão descartados, mas terão seus desempenhos potencializados com auxílio de ferramentas digitais, e quanto mais focarem em fazer uma interpretação analítica dos números e informações, mais terão oportunidade de melhorar sua produtividade.
Fonte: Gazeta do Povo
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