quarta-feira, 21 de março de 2018

Opinião - Como a tecnologia pode contribuir com o combate à corrupção.

Novamente São Paulo foi a cidade sede do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, que aconteceu nos últimos dias. Como já era de se esperar, a experiência foi a mais positiva possível, bastante rica na troca de conhecimento com diversos líderes e representantes da região.
Em um painel que contou com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, e a presidente da Transparência Internacional (TI), Delia Ferreira Rubio, pude levar algumas ideias de como a tecnologia pode ser uma aliada no combate à corrupção. 
Como sabemos, o Brasil tem enfrentado esse grave problema nos últimos anos. De acordo com uma pesquisa da Transparência Internacional publicada no início deste ano, o país caiu 17 posições no ranking de Percepção de Corrupção em relação a 2016 – atingindo sua pior colocação nos últimos cinco anos. A enorme queda, que nos joga para a 96ª posição em uma lista de 180 países, foi interpretada pela Instituição como uma continuação no caminho da corrupção com forças atuando para conter os esforços de combate.
Os cidadãos sofrem há tempos com isso e demandam cada vez mais transparência da sociedade como um todo e, especialmente, de seus representantes. Nada mais justo, já que a falta de transparência e a corrupção prejudicam a competitividade e a produtividade, privando as pessoas, países e empresas de alcançar seu verdadeiro potencial.
É algo que mata sonhos e destrói a confiança nas instituições, na democracia e nos negócios.

Soluções à serviço da sociedade

A corrupção se opõe completamente às nossas crenças e missões, e, sendo assim, gostaria de compartilhar uma visão de como as tecnologias que hoje são estado da arte podem contribuir para o seu fim. Aponto aqui 4 maneiras pelas quais a tecnologia pode ser uma grande aliada no combate à corrupção:
1) Dados abertos
Podemos aumentar e muito o nível de transparência permitindo que o público tenha acesso aos dados do governo que, de acordo com a Lei de Acesso à Informação, são abertos. Esses dados podem ser organizados com tecnologia e transformados em serviços públicos mais transparentes, e de fácil acesso através dos meios digitais. 
2) Identificação digital
A unificação dos cadastros do cidadão pode ser uma ferramenta essencial no combate à fraude. O cadastro único simplifica e agiliza a prestação de serviços públicos, pois traz consigo uma forma segura de autenticação do cidadão, permitindo seu reconhecimento com total confiança.
3) Licitações inteligentes
Com a Inteligência Artificial, é possível detectar padrões de anormalidade em processos licitatórios. Através de análises dos dados de uma concorrência, por exemplo, algoritmos poderiam identificar fraudes como direcionamento e formação de cartel. Existe portanto tecnologia para tratar a corrupção preventivamente, antes mesmo que ela aconteça.
4) Blockchain
Vários setores vêm testando o blockchain e os governos podem usá-lo ativamente na auditoria das contas públicas e dos contratos estabelecidos com prestadoras de serviços. O blockchain nos permite controlar e rastrear todas as transações feitas por qualquer entidade, pública ou privada. É como se ele criasse um carimbo para cada centavo existente e atualizasse seu registro e localização a cada nova movimentação. Como resultado, em caso de uma hipotética tentativa de desvio de verba, ela seria rapidamente descoberta e denunciada pela rede.
Com isso, temos um panorama das oportunidades que estão ao nosso alcance. Muitas dessas soluções, aliás, são de baixo custo, fácil implementação e em geral proporcionam aumentos de eficiência da gestão pública e melhoria na qualidade de serviços ao cidadão.
Esse é um ponto importante: quando falamos em aumentar o controle sobre os processos, muitas vezes imagina-se que isso vai torná-los mais lentos. Porém, a tecnologia disponível também aumenta a agilidade dos processos, assegurando um serviço de qualidade ao cidadão.
Para colocar isso em prática, a Microsoft participa da plataforma Tecnologia para Integridade (T4I) que foi lançada em Davos e e agora também durante o Fórum Econômico Mundial para a América Latina. O sistema conta com todas as ferramentas e recursos do Azure, a plataforma de nuvem da Microsoft, e permite que os membros da Iniciativa de Parceria Contra a Corrupção (PACI) possam desenvolver soluções e serviços inovadores na luta contra a corrupção.
Mais importante do que a tecnologia é o que se pode fazer com ela. Podemos usá-la para quebrar o ciclo da corrupção e empoderar cidadãos e instituições a construir uma sociedade mais transparente.
Por Paula Bellizia, General Manager at Microsoft Brazil, para o Linkedin.

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