terça-feira, 4 de setembro de 2018

A Blockchain no mundo real: como grandes empresas estão adotando a tecnologia.


Apesar de estar apenas em sua infância, a Blockchain hoje está presente, de alguma forma, em praticamente todos os setores da economia. Os resultados têm sido frutíferos e, cada vez mais, com a maior aceitação da tecnologia pelos gestores e maior desenvolvimento das plataformas, a tendência é que mais aplicações sejam encontradas e adotadas para ela.
Setor financeiro
De todos os serviços que aplicam a Blockchain, o setor financeiro é, talvez, o que tem feito isso com mais unanimidade. É que os serviços bancários, historicamente, sempre fizeram uso do protocolo SWIFT para transferências cross-border (isto é, entre um banco e outro, entre diferentes países ou entre uma moeda e outra). Transações financeiras entre diferentes instituições necessitam de confiança, e o SWIFT era a forma mais acertada e universal de se fazer isso. O problema é que, ao necessitar de confiança infalível, o protocolo requeria a extensiva utilização de recursos – inclusive humanos – para validação, sendo, portanto, caro e lento. A Blockchain troca a necessidade de confiança pela criptografia. Transações na Blockchain são certeiramente confiáveis pois são validadas por criptografia e consenso, trocando um protocolo enfadonho por uma tecnologia simples, potencialmente gratuita e instantânea.
A maioria dos bancos, no entanto, usa o protocolo Ripple, por exemplo, apenas de forma interna. O banco Itaú, para citar, usa a solução xRapid do Ripple para seus processos internos, mas não disponibiliza a opção para seus usuários, que, ao fazerem transferência para outros (por exemplo, TED ou DOC), ainda devem contar com o caro e lento protocolo SWIFT. A lista de grandes bancos e serviços financeiros utilizando o Ripple de alguma forma é extremamente extensa. Essas parcerias podem ser encontradas nessa tabela constantemente atualizada.
Alguns bancos vão além e disponibilizam as facilidades do protocolo para seus usuários. O Banco Santander é um grande exemplo disso: através do seu aplicativo lançado em abril, o OnePay, correntistas podem fazer transferências cross-border de forma gratuita e instantânea utiizando o serviço xCurrent, do Ripple. O aplicativo está disponível na Espanha, Brasil, Polônia e Reino Unido.
Outros grandes bancos também estão testando o xCurrent, como o JP Morgan.
Não apenas bancos, mas grandes consultorias financeiras, como a Deloitte, também estão utilizando o Ripple ou o Stellar. Em relação ao Stellar, algumas parcerias estão listadas aqui.

Setor automotivo e logística

Empresas do setor automotivo encontram diversas formas de aplicar a Blockchain a suas necessidades. A Mitsubishi, por exemplo, está fazendo isso para realizar transações entre suas fábricas da Tailândia e Singapura.
Já a Renault encontrou, na VeChain, uma engenhosa forma de gestão de logística. A VeChain é uma plataforma que utiliza a Blockchain para fornecer práticos e confiáveis serviços de logística a empresas de diversos tipos. A solução permite registros e transmissões instantâneos relacionados à linha de produção, na qual todo ecossistema envolvido na fabricação de uma peça, por exemplo, registra e transmite as informações para a próxima fábrica responsável pelo tratamento do produto. Essas operações são completamente seguras, gratuitas e instantâneas, como é característica da Blockchain. Contratos inteligentes associados podem verificar automaticamente o estado da peça ao passar de um lugar para o outro, transmitir o direito da propriedade e registrar no aplicativo da plataforma, uma forma prática e transparente. A VeChain pode ainda ser utilizada associada à Internet das Coisas (IoT), para registrar automaticamente o ciclo de vida dos automóveis, como acidentes, quilometragem e quantidade de visitas à assistência técnica. Esses dados podem ser usados para descontos em seguradoras parceiras, que têm acesso a todo o diário do veículo.  
Ainda sobre logística, a VeChain tem sido utilizada da mesma forma pelas maiores produtoras e vendedoras de vinho na China. Informações detalhadas sobre o vinho, desde a coleta da uva até o processo de envelhecimento, são registradas pela plataforma e disponibilizadas para verificação no rótulo da bebida. Os chineses têm um interesse a mais em saber sobre o ciclo de produção de seus vinhos, já que tem se tornado comum a venda de vinhos falsos aos consumidores desavisados.
Diversas empresas especializadas em logística também estão adotando o VeChain, como a multibilionária alemã DB Schenker.

Setor de tecnologia

Em tecnologia, não restam dúvidas de que a IBM têm sido a maior entusiasta da Blockchain. Desde os primórdios da tecnologia, a gigante, uma das 30 empresas listadas no índice Dow Jones, vem aplicando a tecnologia de incontáveis maneiras. Uma das parcerias notáveis da IBM é com a Stellar, para transações instantâneas. Além de investir em outras tecnologias, a gigante tecnológica tem desenvolvido seus próprios serviços de Blockchain. Em parceria com o WalMart, por exemplo, a empresa implementou um serviço de segurança alimentar. A IBM tem criado soluções para diversos tipo de indústrias, como a de comércio direto, turismo e entretenimento. A lista completa pode ser encontrada aqui.
Microsoft também tem apostado firmemente em soluções de Blockchain ligadas ao seu projeto Azure, e que incluem, por exemplo, aplicativos para editores de jogos no Xbox.

Terceiro setor e governo

O governo Estoniano merece menção pela maneira como tem aplicado a Blockchain em diversas esferas, em especial, na burocrática verificação tradicional de dados, que o país há algum tempo vem tentando solucionar com a utilização da solução X Road, desenvolvida nos solos da Estônia. Isso significa que os residentes não precisam, por exemplo, passar por longas filas para obter um registro documental, muitas vezes passado de forma incomunicável para um setor (como o de identificação) para outro (como o médico). Aliás, todos esses setores, no país, já são digitalizados dessa forma. A aplicação da Blockchain nesse sentido não é apenas prática, mas faz com que as pessoas tenham a certeza de que seus dados estão seguros e absolutamente imutáveis e possam verificar isso de forma transparente. No país, todo setor de saúde e identificação já adota a tecnologia, assim como as universidades. Não é por menos que ele é chamado de “sociedade digital mais avançada do mundo”. Mais informações podem ser encontradas no site do e-estonia.
China também vem substituindo seus serviços tradicionais pelos da Blockchain. O sistema de saúde de algumas cidades inteiras já funcionam dessa forma. Em relação a identidades digitais, moradores idosos de regiões remotas, que antes precisavam fazer longas caminhadas até as regiões urbanizadas e ali enfrentar grandes filas para verificar suas identidades e receber pensões, hoje fazem isso sem sair de casa com a ajuda da plataforma TheKey, de identidade virtuais.
No terceiro setor, pode-se mencionar o trabalho do Banco Maré, que funciona no bairro da Maré, no Rio de Janeiro – lugar extremamente carente de soluções bancárias tanto pelo preço inacessível quanto pelo desabastecimento de agências na região – e agora conta com um banco digital que utiliza a criptomoeda palafita (que é automaticamente convertida em reais) para pagamento de boletos, transferências entre correntistas e outros serviços antes onerosos para os moradores.
Na mesma linha, o Stellar tem trazido, desde sua criação, soluções bancárias comunitárias para países da África e da Ásia.
O número de uso de casos nos mais diversos setores é incontável e, a cada dia, surgem mais dezenas. As comunidades e empresas que adotam uma economia digital inteligente eliminam custos, uso de recursos e burocracia. Atualmente, tudo indica que as que resistirem a isso e continuarem usando tecnologias ultrapassadas facilmente substituíveis ficarão para trás.

Fonte: BTC Soul

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