Inteligência Competitiva ou de Mercado é um dos assuntos mais explorados no mundo corporativo, apesar de ainda haver muitas divergências entre autores e especialistas no tema. No Brasil, há uma carência significativa de referencial bibliográfico direcionado ao mercado local ou obras traduzidas para língua portuguesa. Essa deficiência se torna ainda mais notória quando se fala da aplicação de inteligência no cotidiano das micro e pequenas empresas.
A Inteligência Competitiva é uma área específica de uma empresa, normalmente ligada ao departamento de marketing, de gestão estratégica ou da própria presidência. Isso porque se tratar de uma atividade fundamental para entender o futuro do mercado e traçar estratégias que antecipem ações dos concorrentes, preparem a empresa para as ameaças externas e aproveitem as oportunidades do mercado. Porém, o pequeno negócio opera, na maioria das vezes, com equipes enxutas e multidisciplinares que se debruçam sobre uma diversidade enorme de desafios todos os dias – muitos deles urgentes que necessitam da dedicação total dos empresários e de sua equipe.
Inteligência Competitiva nas pequenas empresas
Por meio da Inteligência Competitiva, a empresa coleta, analisa e aplica informações do mercado em tomadas de decisões estratégicas que visam o ganho de vantagens competitivas em relação à concorrência. As micro e pequenas empresas precisam inserir este processo em seu cotidiano, direcionando a inteligência para decisões não apenas futuras mas também presentes, além de ser necessário um senso de urgência e uma sensibilidade para captar tanto sinais externos como internos à própria empresa. A inteligência dos pequenos deve ser diária e natural ao processo de tomada de decisões.
A inteligência dos pequenos negócios deve estar presente inclusive nas pequenas decisões, por meio de um processo simplificado que habitue o empresário a pensar grande nas pequenas ações. O especialista de inteligência é o próprio dono do negócio, que olha para o futuro enquanto decide no presente. O empresário inteligente busca e capta a informação que precisa e qualifica, analisa e encontra soluções ágeis de forma eficaz e eficiente.
Para agregar inteligência às suas decisões, o micro e pequeno empresário precisa ser proativo, investigativo e integrativo, utilizando-se do trabalho em rede e de todas as conexões profissionais construídas pela empresa até o momento. Ele precisa estar sempre antenado ao ler uma notícia, ao participar de um evento, ao realizar um telefonema e, principalmente, ao atender aos seus clientes, sempre procurando obter feedback e perspectivas de futuro nas decisões do presente. Para o pequeno empresário não pode haver agendas ocultas. Ele precisa buscar sempre o claro entendimento de seus desafios e a maneira mais eficiente de encontrar as possíveis respostas.
Coleta de informações-chave
A coleta de informações deve se tornar um hábito do pequeno empresário. Antes de mais nada é preciso ter um Plano de Negócios com missão, visão e objetivos de curto e longo prazo muito bem definidos. A partir daí, deve ter mapeadas todas as informação necessárias para suas tomadas de decisões diárias, periódicas ou eventuais, sempre considerando aonde se quer chegar. Para essas necessidades, levantam-se fontes cujas consultas devem ser inseridas em seu dia-a-dia.
A leitura analítica de jornais e revistas (de atualidades, de economia e publicações especializadas no setor em que a empresa atua), clippings de notícias especializados, sites de concorrentes, de entidades de classe, de associações, de órgãos do governo ou quaisquer outras instituições que produzem dados relevantes para o seu negócio, é uma das soluções simplificadas de inteligência que o empresário pode utilizar sem prejudicar seu dia-a-dia atribulado.
Outro caminho possível e altamente eficaz para coletar informações privilegiadas para o seu negócio é por meio das conversas informais com as pessoas integrantes de sua rede de contatos, como especialistas, fornecedores, colegas de profissão e até mesmo concorrentes. Esta oportunidade de coleta pode inclusive ser planejada para a participação da empresa em feiras, exposições, congressos e outros eventos de networking. O que vai trazer a vantagem competitiva ao empresário é a utilidade que ele vai dar a essa informação após a coleta. É preciso ir além da informação em si.
Inteligência de Mercado na prática
Um exercício simples de reflexão sobre as informações coletadas já pode gerar um conhecimento, que se aplicado em uma estratégia de mercado, já se torna Inteligência Competitiva. Perguntas como “o que realmente está acontecendo?”, “em que circunstâncias essa informação me foi fornecida”, “o que há por trás dela?”, “qual o impacto dessa informação no meu negócio” e “qual o desdobramento futuro possível que essa informação pode gerar?”, são exemplos de reflexões cujas respostas facilitam o empresário a transformar a informação disponível, aparentemente, para todos em Inteligência Competitiva, ou seja, conhecimento de mercado aplicado em estratégias que propiciam vantagem competitiva para sua empresa.
É possível também inserir métodos mais avançados de análise em seu cotidiano de planejamento e tomada de decisões, como fazer as seguintes análises de:
– Cenários prospectivos;
– Situação financeira dos principais concorrentes;
– Perfil dos executivos que comandam os principais atores do mercado;
– Aplicação adaptada das melhores práticas conhecidas no mercado (benchmarking);
– A tradicional análise de concorrência ou a análise cruzada de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do negócio da empresa.
– Situação financeira dos principais concorrentes;
– Perfil dos executivos que comandam os principais atores do mercado;
– Aplicação adaptada das melhores práticas conhecidas no mercado (benchmarking);
– A tradicional análise de concorrência ou a análise cruzada de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do negócio da empresa.
Por fim, a questão crucial de inteligência é ter capacidade de tomar decisões críticas a partir de conhecimento imperfeito, mas razoável. Afinal, em toda informação há uma margem de erro e um grau de risco. Cabe ao empresário construir uma disciplina, criar o hábito de consumir informações relevantes e usá-las de forma eficiente, responsável e ética. Como disse Leonard Fuld, um dos mais reconhecidos especialistas no tema, “desenvolver Inteligência Competitiva é semelhante a criar uma pintura pontilhada. Seu objetivo não é criar uma imagem perfeita, mas uma imagem representativa da realidade.”
Fonte: SEBRAE
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