Rodrigo Cardoso, Mariana Brugger e Andres Vera
No post, A geração que vai mudar o mundo I, foram mostrados casos de jovens empreendedores que, desde cedo, já imaginavam ter seu próprio negócio. A blogueira Lala Rudge é um dos exemplos. A paulista começou a postar fotos de si própria no Instagram e em um blog há três anos. Hoje, é seguida por quase 400 mil pessoas na rede social de fotos e seu diário virtual recebe 80 mil visitas diárias. Com o sucesso, abandonou a faculdade de direito e aos 23 anosé referência com dicas de moda, beleza e life style pela internet.
Carreiras tradicionais em grandes empresas continuam atraindo os profissionais do futuro, mas a relação entre o jovem talento e o chefe experiente mudou drasticamente. Flexibilidade de horários, plano de carreira e maior acompanhamento profissional são fatores decisivos na hora de preencher vagas. Uma pesquisa da Amcham, a Câmara Americana de Comércio, ouviu 87 gestores de recursos humanos e mostrou que 34% deles já haviam criado algum plano específico para reter funcionários da Geração Milênio. Este mês, 8.185 brasileiros até 31 anos foram entrevistados pela Clave Consultoria de Recursos Humanos e o LAB SSJ, consultoria especializada em soluções de aprendizagem corporativa, que queriam entender o que esses profissionais procuram na hora de escolher uma empresa e o que os faz permanecer nela. O estudo, intitulado “Atração e Retenção de Jovens”, mostrou que os fatores mais importantes para a atração dessa mão de obra são a boa perspectiva na carreira futura (69,3%) e a possibilidade de desenvolver novas habilidades (60%). O que retém esses jovens são os desafios constantes e responsabilidades relevantes (39,1%) e a existência de um gestor que os apoie e lhes dê autonomia para realizar o trabalho (31,1%).
O engenheiro carioca Augusto Acioly, 29 anos, formado há quatro, está em seu quarto emprego. Há três meses, conseguiu realizar o sonho de viver no Exterior e foi morar em Milão, na Itália. Funcionário da multinacional francesa Anotech Energy, ele presta consultoria a uma gigante italiana do ramo petrolífero. Antes, trocou três vezes de patrão. Ficou seis meses no primeiro emprego, depois passou dois anos em uma empresa de onde saiu para ganhar três vezes mais. A experiência, porém, durou apenas oito meses. “Saí porque o chefe não enxergava que poderíamos crescer juntos, como alguém que pode agregar. Quando vi que não teria espaço para crescer, procurei outro lugar”, diz. “Uma das mudanças possibilitou que eu adquirisse experiência em gerenciamento, pois sempre havia atuado na parte técnica da profissão.” Como não poderia deixar de ser, quase todas as oportunidades de trabalho de Acioly surgiram via Linkedin, a rede social profissional.
Na pesquisa da Telefónica, temas como educação e desigualdade social também estão em alta na cartilha de interesses da Geração Milênio brasileira. Esses dois fatores foram citados como os que mais afetam o País e receberam 24% dos votos, seguido de saúde, com 17%. Não surpreende, então, que nas manifestações de junho – todas coordenadas pelas redes sociais – as principais bandeiras fossem melhorias no ensino, na saúde e no transporte. Muito antes dos protestos, a estudante catarinense Isadora Faber, 14 anos, já denunciava a precariedade do sistema educacional público do País. No ano passado, ela ganhou notoriedade ao criar a fanpage Diário de Classe, no Facebook, na qual mostrava como funciona uma escola pública na visão de quem a frequenta. Seus posts ecoaram pelo País e a colocaram no centro das atenções. “Se não fosse a internet talvez eu não tivesse feito nada”, diz ela. Com a repercussão, a casa da adolescente foi apedrejada e ela recebeu uma ameaça de morte.
Isadora, porém, seguiu em frente e, hoje, é referência para empresários, educadores e gestores públicos que frequentam as palestras dela pelo País. No mês passado, a estudante catarinense lançou o site de sua ONG que, entre outras propostas, servirá de canal de denúncias sobre a situação de escolas de todo o Brasil. A postura de Isadora está alinhada com o pensamento de 54% dos brasileiros ouvidos na pesquisa da Telefónica, para quem melhorar o acesso e a qualidade da educação é uma maneira de fazer a diferença no mundo. “A maioria dos jovens de hoje quer resolver questões sociais que, eles acreditam, foram deixadas pelas gerações anteriores”, afirma o sociólogo Ronald E. Riggio, professor de liderança e psicologia organizacional da Claremont McKenna College, na Califórnia.
Isadora, porém, seguiu em frente e, hoje, é referência para empresários, educadores e gestores públicos que frequentam as palestras dela pelo País. No mês passado, a estudante catarinense lançou o site de sua ONG que, entre outras propostas, servirá de canal de denúncias sobre a situação de escolas de todo o Brasil. A postura de Isadora está alinhada com o pensamento de 54% dos brasileiros ouvidos na pesquisa da Telefónica, para quem melhorar o acesso e a qualidade da educação é uma maneira de fazer a diferença no mundo. “A maioria dos jovens de hoje quer resolver questões sociais que, eles acreditam, foram deixadas pelas gerações anteriores”, afirma o sociólogo Ronald E. Riggio, professor de liderança e psicologia organizacional da Claremont McKenna College, na Califórnia.
Da mesma forma, a questão ambiental tem um apelo inédito para a juventude. Proteger o meio ambiente é citado por 45% dos brasileiros como a maneira de fazer a diferença mundialmente e 70% acreditam que a questão da mudança climática é muito urgente. O pernambucano Lucas Tiné, 21 anos, tornou-se ativista ambiental três anos atrás, em meio à discussão da votação do novo Código Florestal. Depois de alguns debates via internet, ele e o grupo que criou decidiram ir às ruas do Recife fazer coleta de lixo e educar a população sobre a causa. “Percebi uma destruição do meio ambiente gigantesco em minha cidade”, diz ele, que chegou a cursar jornalismo, mas hoje é flautista. Tiné está presente em várias mídias sociais e lança mão delas para difundir suas ideias. “As redes são a maior porta para o debate porque dão o maior e mais rápido feedback atualmente”, acredita. “Meu trabalho de formiguinha pode se converter em um trabalho do formigueiro todo muito mais rápido.” É com essa crença que eles constroem a própria história e transformam o mundo.
foto: Rafael Hupsel/ag istoé
fotos: montagem sobre foto de kelsen fernandes;
Leo Caldas; Masao Goto Filho /ag. Isto É
Fonte: Telefónica Global Millennial Survey: Global Results
fotos: montagem sobre foto de kelsen fernandes;
Leo Caldas; Masao Goto Filho /ag. Isto É
Fonte: Telefónica Global Millennial Survey: Global Results
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