quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O mundo em versão Beta!


Nunca as áreas de Pesquisa & Desenvolvimento foram tão desafiadas e contestadas.


Recentemente palestrei na Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), em São Paulo, sobre Inteligência Artificial e seus impactos no trabalho, na oferta de mão de obra, na formação e no futuro do emprego. Quarenta gestores da área debateram sobre os desafios no processo de recrutamento, seleção, capacitação e retenção de talentos num mundo novo, cada vez mais complexo e transformado pelo novo cenário digital. A verdade é que ninguém tem certeza sobre o que fazer e estamos sempre experimentando.
Quando alguma hipótese é formulada, lá vem uma nova teoria, uma nova crença, um novo formato e tudo se transforma mais uma vez. Difícil falar em formação tradicional, pois o futuro parece que será ditado por skills [termo da língua inglesa usado para designar aptidões, o jeito e a destreza aplicados por cada pessoa em determinada tarefa]. As habilidades de adaptabilidade, resiliência, otimismo, integridade, pensamento crítico, proatividade e empatia estão entre as mais citadas por especialistas em RH.
Não é à toa que o futurista norte-americano Ray Kurzweil, o empreendedor em série indiano e autor de Organizações Exponenciais Salim Ismail, entre outros observadores atentos, fundaram uma universidade nos Estados Unidos que se adapta tão rápido às transformações que não consegue certificar seus cursos junto aos órgãos legais daquele país. A Singularity University aborda temas como biologia digital, nanotecnologia, inteligência artificial, robótica e demais conceitos que vêm tirando o sono de executivos de empresas no mundo inteiro.
Nunca as áreas de Pesquisa & Desenvolvimento – que têm entre suas responsabilidades se reinventar, quebrar paradigmas e trazer novas ondas para as organizações – foram tão desafiadas e contestadas. Essa inquietação acabou abrindo espaço para o conceito de Corporate Venture Capital, novas estruturas nas empresas com missão em investir, incubar e acelerar startups que podem mexer com a indústria daquela organização.
O setor financeiro, por exemplo, não passa um dia sem acompanhar notícias de fintechs, startups de tecnologia que criaram e continuam criando novas abordagens e modelos de negócios sobre até onde então reinavam os bancos tradicionais. O tiro está vindo de todos os lados e os coletes não estão segurando mais todos os calibres que seguem rumo às organizações arraigadas em suas crenças. É a Amazon comprando empresa de alimentos ou o Walmart adquirindo empresa de tecnologia – só para citar dois exemplos. Estamos observando grandes transformações e esses movimentos não parecem que terminarão tão cedo. O sociólogo polonês Zygmunt Baumann afirmou que vivemos tempos líquidos. A minha impressão é de que estamos no meio da cachoeira (para não dizer num mar de tormentas).
Em um cenário como esse, conceitos de Inteligência Competitiva, de Mercado, Estratégia, entre outros, ganham mais força. Acompanhar concorrentes, fornecedores, clientes, indústrias correlatas, impactos regulatórios, tendências tecnológicas, sociais, culturais, etc nunca foi tão importante. Assim, apenas monitorando tudo e todos, mas com tecnologia adequada, para se proteger e buscar uma melhor posição nesta realidade em frenética transformação.
Uma verdade passa a reinar absoluta: o mundo mudou e continuará se transformando para sempre. Acabou o sossego! Não há espaço para zona de conforto. Quem ficar parado vai ser engolido – e o mesmo vale para quem se mexer devagar. A instabilidade e a necessidade de se reinventar o tempo inteiro fazem parte desta nova realidade. Estamos vivendo num mundo em versão Beta! E esse caminho, meus amigos, não tem volta...

Por Fábio Rios, CEO da Plugar Data Intelligence  para o portal Amanhã.

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