Por Liana Mello
Depois de aquecer os músculos na cama elástica e na
bicicleta ergométrica, Marcelo Torres veste suas luvas de boxe, de 16 onças,
posiciona os pés corretamente, fixa o olhar no adversário e dispara o primeiro
golpe. Intercalando o jab com o direto, ele tenta um gancho, desferido debaixo
para cima. Neguinho, como é conhecido seu oponente, desvia o queixo. O round
termina sem vencedor. Torres, encharcado de suor, só não desce do ringue porque
a luta ocorre à beira da piscina, com o Cristo Redentor ao fundo como
testemunha.
Cremilson Oliveira treina o restauranteur Marcelo Torres: aulas de boxe três vezes por semana para compensar eventuais excessos à mesa
Torres, restauranteur e premiado empresário carioca
do setor gastronômico, é aluno de Neguinho, que nasceu Cremilson de Oliveira, e
virou professor de boxe de ricos e famosos. As aulas acontecem em sua casa: uma
residência de quatro andares, cinema para dez pessoas, elevador particular, 13
banheiros e uma cozinha gourmet, onde Torres recebe os amigos e se diverte com
seus utensílios para cozinha de diferentes tamanhos e formas, temperos variados
e muitas panelas.
É no boxe que Torres compensa os eventuais excessos
à mesa: perde de 600 a 800 gramas conforme a intensidade do treino. As aulas
duram uma hora e ocorrem três vezes por semana.
Localizado no Jardim Pernambuco, endereço exclusivo
do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Torres transformou seu lar em uma
espécie de clube particular, onde mora com a mulher, Marcela, e as filhas
Manuela, Mariana e Maria Clara, com 13, 11 e oito anos respectivamente.
"Tenho um pequeno harém", brinca ele, comentando que as meninas
aprenderam a nadar na piscina de casa, uma raia de 20 metros por dois metros de
profundidade.
Marcela, sua mulher, faz musculação em uma
academia, mas as braçadas diárias são dadas na piscina caseira, que é integrada
à sauna. Isso significa que da piscina é possível entrar na sauna e vice-versa.
O treino pode ser finalizado com uma sessão de hidromassagem, que tanto pode
ser feita na sauna como ao ar livre.
O clube particular da família Torres só não está
completo ainda porque o sonho de consumo de Marcela é fazer uma academia de
musculação em casa. Só que seu marido por enquanto descarta essa possibilidade,
alegando que, após fazer os cálculos, concluiu que a relação custo-benefício
não justificaria o investimento.
Uma esteira ergométrica de última geração pode
custar o preço de um carro popular. A Run Personal, da Techonogym, por exemplo,
é o que existe hoje de mais moderno no mercado. Desenhada por Antonio Citterio,
um dos grandes nomes do design e da arquitetura italiana, o equipamento conta
com um visioweb, que combina plataforma digital com acesso à internet e tevê,
tem aplicativos de facebook, youtube e ainda é possível ouvir música. A
velocidade e a inclinação da esteira são ajustados pelo câmbio tiptronic, igual
ao de carros. O produto é importado da Itália e seu preço é de US$ 25 mil.
Zazá Piereck em seu mini-ginásio: terreno de 2.800 metros quadrados em
São Conrado abriga quadra poliesportiva e pista de skate, half pipe, que será
ampliada
A busca por driblar o estresse do dia a dia e a
correria do mundo contemporâneo está levando Torres a construir um refúgio em
plena Zona Sul do Rio. Ele brinca que, se a Felicidade Interna Bruta (FIB) da
família fosse medida, "o resultado seria alto". É uma referência ao
Butão, pequeno reino incrustado nas cordilheiras do Himalaia, onde o
contentamento da população é mais importante que o desempenho da produção
industrial.
Torres, que não está sozinho nessa busca, está
convencido de que investir no bem-estar da família é uma das melhores
aplicações para o futuro.
A casa do casal Zazá Piereck e Cello Macedo conjuga
ares de montanha com brisa e vista para o mar. Em um terreno de 2.800 metros
quadrados rodeado de verde por todos os lados em São Conrado, na Zona Sul do
Rio, e arrematado com plantas escolhidas por Burle Marx, o refúgio tropical da
família vem, há 11 anos, ganhando "puxadinhos", como costuma brincar
Zazá. É que mal a família acaba uma obra, outra já está a caminho. O
bate-estaca constante é para adequar o lar às necessidades do casal e seus dois
filhos: Chico, de 14 anos, e Olívia, de 11 anos.
Depois de mexer em alguns cômodos, o terreno ganhou
uma quadra poliesportiva, onde se joga futebol, vôlei e basquete. Foi o começo
da construção de um miniginásio caseiro. Uma pista de skate, half pipe,
grafitada pelo mais conhecido coletivo de arte urbana do Rio, o Fleshbeckcrew,
está prestes a ser ampliada novamente. Pai e filho fazem manobras na pista, que
já chegou a ser usada pelo heptacampeão de megarampa Bob Burnquist. O atleta
esteve no Rio em companhia de um primo de Zazá, que mora na Califórnia.
De obra em obra, a antiga sauna seca virou uma
espécie de aquário em meio à floresta e passou a ser a vapor. A academia de
musculação ganhou vista para o mar. O único usuário é Cello, que antes tinha
por costume "pagar a academia e não ir": "Agora malho
diariamente, mas não é para ficar forte. É para não ficar fraco, já que tenho
tendência a emagrecer".
Um ofurô, que foi instalado próximo ao quarto do
casal, é uma espécie de ponto de encontro de pais e filhos. Só que para usá-lo
é preciso se organizar previamente porque para enchê-lo e a água atingir a
temperatura ideal demora cerca de uma hora e meia.
"Ainda vamos construir um espaço zen, para
meditação" - pensa alto Cello, que, diariamente, vê sua mulher meditar na
varanda do quarto ao som dos tucanos que vivem nos jardins da residência.
A casa foi projetada por Zanine Caldas nos anos 60
e adquirida por Cello, ex-dono da marca Devassa, em 2002. A cervejaria foi
vendida para a Schin. Sua mulher Zazá é dona do Zazá Bistrô, em Ipanema, onde a
cozinha é influenciada pelas viagens internacionais que a família costuma fazer
anualmente. De biotipo magro, a chef não precisa se preocupar excessivamente
com a silhueta, ainda assim não dispensa os exercícios na cama elástica.
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